domingo, junho 17, 2007

É a hora!

" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, (...) sem uma rebelião, um mostrar de dentes; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai (...) Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros, capazes de toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...) Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas. Partidos (...) sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero (...)"
Guerra Junqueiro, in Pátria, escrito em 1896

"Quando é a Hora?"
"Ninguém sabe que coisa quer./ Ninguém conhece que alma tem, / Nem o que é mal nem o que é bem. /(...) Tudo é incerto..." (F. Pessoa, Mensagem)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo do blogue

Sitemeter