segunda-feira, novembro 17, 2008

Acto de Contrição

Pelo que não fiz, vida, perdão!
Pelo tempo que vi, parado,
Correr chamando por mim,
Pelos enganos que talvez
Poupando me empobreceram,
Pelas esperanças que não tive
E os sonhos que somente
Sonhando julguei viver,
Pelos olhares amortalhados
Na cinza de sóis que apaguei
Com risos de quem já sabe,
Por todos os desvarios
Que nem cheguei a conceber
Pelos risos, pelas lágrimas,
Pelos beijos e mais coisas,
Que sem dó de mim malogrei
Por tudo, vida, perdão!
Adolfo Casais Monteiro

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