Pelo que não fiz, vida, perdão!
Pelo tempo que vi, parado,
Correr chamando por mim,
Pelos enganos que talvez
Poupando me empobreceram,
Pelas esperanças que não tive
E os sonhos que somente
Sonhando julguei viver,
Pelos olhares amortalhados
Na cinza de sóis que apaguei
Com risos de quem já sabe,
Por todos os desvarios
Que nem cheguei a conceber
Pelos risos, pelas lágrimas,
Pelos beijos e mais coisas,
Que sem dó de mim malogrei
Por tudo, vida, perdão!
Adolfo Casais Monteiro
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