quarta-feira, julho 22, 2009

A minha escola - 4

O Liceu
1973-1978
A entrada no liceu foi, para mim, uma coisa extraordinária e foi a partir daí que eu comecei a gostar mesmo da escola e a ter a certeza do que queria ser - professora, naturalmente!
Daqueles anos, lembro o grupo de amigas espectaculares com quem raramente estou, mas que continuo a apreciar e recordo com saudades, especialmente a Carolina, a Fernanda, a Emília e a Júlia.
Também são desse tempo duas grandes referências para mim: o meu professor de Matemática, Delfim Flores Amorim e a professora de Português, Conceição Campos. Recordo-me de vários momentos das aulas com estes professores e adoraria ser uma professora como eles.
Mas não haja dúvidas que o grande momento que vivi no liceu foi o 25 de Abril. Foi um dia lindo! Estava no primeiro ano do liceu, só tinha aulas de tarde (nessa altura era assim, ou só de manhã ou só de tarde), mas aproveitei a boleia do meu pai, que trabalhava em Fafe, e fui logo de manhã para o liceu. Quando lá cheguei, fiquei espantadíssima com a forma como os alunos mais velhos se insubordinavam contra o vice-reitor, o professor Marques Mendes, tio daquele que todos conhecemos. É nessa altura que aparece o meu professor de matemática, completamente radiante, e nos desafia para irmos até ao Toural (centro da cidade). Sem que o desse conta, foi a minha primeira manifestação. Não percebia nada do que se estava a passar, mas deu para perceber que o ambiente era de euforia e eu alinhei na festa...
Por lá continuei até concluir o liceu, num período bastante conturbado da escola, com situações completamente bizarras. Havia imensos erros nos concursos de tal forma que, por exemplo, o meu professor de Francês do equivalente ao 8º ano era formado em Química e só tinha tido mais um ano de Francês do que nós tínhamos. Nessa altura, qualquer um com o liceu completo podia começar a dar aulas.
Até 1974, as aulas começavam sempre a 7 de Outubro e terminavam sempre a 9 de Junho, com duas semanas de férias no Natal e na Páscoa e 3 dias no Carnaval. A partir daí, começavam ainda mais tarde e só há relativamente poucos anos é que passámos a ter cada vez mais aulas, a começar cada vez mais cedo e acabar cada vez mais tarde.
Depois dos 5 anos no liceu, até ao equivalente ao actual 11º ano, tínhamos todos 6 disciplinas (no 10º e 11º): Português, Filosofia e Política para todos e, depois, 3 disciplinas à escolha. Havia exames nacionais a todas as disciplinas, mas dispensava-se com média de 14 dos 2 últimos anos, a cada uma das disciplinas, e essa média era muita boa, na altura. No básico dispensava-se por secção - letras ou ciências - desde que se tivesse média de 12.
Estranho foi o ano a seguir. Ainda não havia 12º ano, então inventaram o ano propedêutico. Todos os alunos tinham 5 disciplinas, Português e uma Língua Estrangeira para todos e, depois, escolhiam mais 3. As aulas eram dadas pela televisão, de manhã, no canal 1 e, depois, fazíamos um exame na Páscoa outro no Verão, a cada disciplina e, desde que tívessemos média de 10 a cada uma delas, podíamo-nos candidatar à universidade. Já havia numerus clausus na altura e as médias, embora não fossem tão altas, já deixavam alguns de fora. Fiz os exames no Sá de Miranda, em Braga (toda a gente era obrigada a ir à capital de distrito) e foi um dia muito feliz para mim, quando fui ver os resultados dos exames e percebi que podia seguir para a universidade. Senti-me a caminhar sobre nuvens!...

1 comentário:

  1. Armanda,
    O meu nome é Micaela Morim e foi com surpresa e muito agrado que encontrei o seu post onde fala do meu pai, Delfim Morim. Fiz-lhe chegar este seu texto, que o deixou também muito contente por lembrá-lo ao fim destes anos e com vontade de a rever e aos seus colegas. Por isso pergunto-lhe se é frequente realizarem estes encontros na escola ou se me pode enviar o seu e-mail para o meu pai a contactar.
    Beijinhos,
    Micaela Morim
    (micaelamaio@hotmail.com)

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